A premissa – dois autores (um homem e uma mulher), escrevendo, a quatro mãos, narrativa que envolve um casal – não é nova. A novidade aqui se faz pela natureza do texto. Ambos praticam a escrita da precisão, da concisão e da poesia. Um livro a quatro mãos como um jogo, uma peça beckettiana – Palmyra, palavra misteriosa na qual consigo identificar o anagrama de play –, o qual quem joga é o leitor, este outro personagem inventado pelo livro. Pois, independente da história íntima de sua criação e de todo o rebuscamento lançado pelos autores em prol desse mundo fora do chão, fato é que resultou nesse subproduto físico da celulose e petróleo que temos nas mãos. Um livro verdadeiro, sem dúvida. Daqueles de que costumamos sentir falta táctil. Inteligentes e escritos com inteligência. Não necessariamente fáceis nem obrigatoriamente difíceis. Na medida.
Márcio-André
ELIANA POUGY é doutora em Ciências Sociais pela PUC-SP, mestre em Educação pela FE-USP, especialista em Linguagens da Arte pelo CEUMA-USP e graduada em Comunicação Social pela FAAP. É autora de livros didáticos e paradidáticos sobre Arte para crianças. Foi a elaboradora do Curriculo de Arte para o Ensino Fundamental do Município de São Paulo e professora-tutora do Educativo da Fundação Bienal de São Paulo. Sua pesquisa relaciona-se à Teoria Política Contemporânea, Resistências Infantojuvenis, Sociedade de Controle, Indisciplinas escolares, Arte-educação.
LÖIS LANCASTER