Como escrever algo que quero no esquecimento? Que nunca tivesse existido. Decidi escrever poemas que guardo numa gaveta. Afastei-me do grupo. Ninguém foi muito à frente no sonho de ser artista. Vários entraram no modo de vida da comunidade, se é que me entendem. Sou cobrador de ônibus. Faço por dia, várias vezes, o mesmo trajeto. Se fosse pintor, não teria um sorriso sequer para pintar. Escrever, pintar são maneiras de não deixar as coisas se evaporarem. Não sei se é bem isso que quero.
LUIZ ARRAES nasceu no Recife. É médico, professor e pesquisador. Tem contos em antologias e revistas literárias e publicou diversos livros, entre os quais Palavra por palavra, O rastejador, O desaparecido, O que faz um homem rir?, O remetente, Anotações para um livro de baixo-ajuda, Tentando entender Monterroso, O silêncio é de prata e a palavra é de ouro, Tempo – o de dentro e o de fora, Todo diálogo é possível – conversas com meu pai, Miguel Arraes, A noite sem sol, Dicionário de silêncios e, pela Confraria do Vento, A volta do bumerangue e O senhor do barco: memória contínua.
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