A consulente me explica que sente que perdeu o controle da sua vida. Diz que é como quando a gente toma um caldo no mar, uma onda gigante e veloz nos pega de jeito, arrasta-nos e não para mais, a gente sai escalavrada, arranhada, os cabelos enosados, vertendo água e sem ar. Ela diz que está no meio do caldo e que não consegue sair. Que a velocidade da água não a deixa vir para a superfície. A carta da Roda da Fortuna e do Carro sinalizam que o caldo continua. Ela ri, cansada, e diz:
— Também, que graça tem uma vida controlada, né?
E mergulha no redemoinho outra vez.
LÉLIA ALMEIDA é escritora, tradutora e taróloga, autora de livros como Antonia, Senhora Sant’Ana, As mulheres de Bangkok, 50 ml de Cabochard, Querido Arthur, As meninas más na literatura de autoria feminina e, pela Confraria do Vento, Este outro mundo que esquecemos todos os dias. Participou de diversas antologias no Rio Grande do Sul e foi a vencedora do Prêmio Açorianos de Literatura de 2013 com o romance O amante alemão. É colunista do Sul 21 e do Wall Street International. Mantém o blog Mujer de Palabras.
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