"Amo-te como se tudo fosse pouco
e o mundo para ser são
tivesse de ser louco
Separam-nos mil viagens e naufrágios
o meu barco andou por mil deshoras e desordens
desaprendeu de chegar em porto seguro
não sabe recolher as velas
a quilha arrefece
o lastro inunda-se
em vez de ancorar
afunda-se
Os deuses do impossível velam por nós
unem-nos galáxias e calendários
a mesma idade em épocas diferentes
à mesma hora de tantos continentes
Não poderemos amar até ao limite das estrelas
ficaremos longe
não poderemos vê-las
não teremos tempo
nem falta de tempo"
BOAVENTURA DE SOUSA SANTOS é sociólogo e poeta. Tem livros publicados, em diversas línguas, sobre globalização, sociologia do direito, epistemologia, democracia e direitos humanos. Como poeta, publicou, entre outros, O rosto quotidiano e, pela Confraria do Vento, 139 epigramas para sentimentalizar pedras, Crônicas de Acabária, Manifesto antipteridófitas, Rap global e Escrita INKZ: antimanifesto para uma arte incapaz.
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