Márcio-André reúne neste livro escritos, ensaios, crônicas e entrevistas, incluindo a narrativa detalhada de seu recital de poesia na cidade fantasma de Pripyat, em Chernobyl. Os textos debatem questões como leitura, tecnologia, identidade, a cidade e o papel do escritor. Através do princípio da contaminação radioativa e de uma vivência do absurdo, o autor propõe as delimitações de uma didática livre e sugere, através de reflexões em torno da literatura e da arte, as noções de uma realidade anti-institucional, anti-moralista e anti-estetizante, em prol de uma vida permeada pela obra de arte, em que arte e vida só são correspondentes e possíveis se partindo de dentro delas mesmas, nunca de dicotomias racionalizantes, como as tradicionais noções de subjetividade e objetividade, ficção e realidade. Poéticos, irônicos e por vezes polêmicos, estes ensaios radioativos contaminam pela leveza e profundidade - propondo um “pensar através das coisas”.
MÁRCIO-ANDRÉ nasceu em 1978 no Rio de Janeiro e vive, desde 2012, em Santiago de Compostela. Com um trabalho que vai da poesia ao pensamento, passando pelo cinema, pela arte digital e pela performance, publicou livros de poesia e ensaios no Brasil e na Espanha. Com textos traduzidos para mais de dez idiomas e presente em inúmeras publicações internacionais, foi poeta convidado de festivais no Reino Unido, França, Espanha, Holanda, Portugal, Ucrânia, Hungria, Macedônia, Argentina, Peru, México, Chile, Israel e em diversas cidades do Brasil. Em 2007, realizou uma performance suicida na cidade fantasma de Chernobyl; recebeu, em 2008, a Bolsa Fundação Biblioteca Nacional por seus ensaios sobre os subúrbios cariocas; esteve como poeta residente em Monsanto, Portugal, em 2009 (UC/CES); e deu aula de formação avançada em escrita criativa na Universidade de Coimbra.