"32 poemas para cada coisa" é o livro de estréia de Antônio Bizerra, o alucinado dos recitais cariocas (conhecido por recitar com seu pandeiro), eterno flaneur das noites de Copacabana.
Com 8 ilustrações a carvão de Darcy Menezes Ramos, os 33 poemas do livro são o testemunho de uma viagem, que ao mesmo tempo não é relato de coisa alguma, e, assim, é de qualquer coisa. Como um profundo mergulho no universo do homem moderno e de sua angústia de civilização, este livro fala do herói apenas como motivo alegórico, que de epopéias, de desventuras, como também de júbilos, já está na epiderme do dia-a-dia de cada qual. No final, não há heróis. Este homem se perde na multidão, como fica claro no último poema do livro:
Discrição
seu suicídio foi sui generis
e muito eficaz:
precipitou-se numa xícara de café
e sumiu.
no fundo,
somente o leito de açúcar
e algo que parecia ser um cílio