|
|
revista |
editora | links | ||||||
|
|
|
denny yang o último convidado
Foram chegando todos à reunião
em minha casa. Era noite, e todos os convidados foram se dirigindo
diretamente ao jardim, que ficava aos fundos. De smoking e vestidos, os
convidados tomavam champagnes, uísques e vodka com energético. Chegavam
eles em carros importados, de última moda, geração, e os manobristas que
contratei paravam os carros na rua, mesmo.
Meia-noite. E Pedro ainda não
chegava. Todos já estavam lá, conversavam e se embebedavam sem parar,
comiam os petiscos do buffet que contratei para a reunião, discutiam
alguns avidamente sobre questões não-menos importantes, e então...
Peguei na mão de Juliana, que
estava muito sorridente e alegre com a festa que eu dava para meus amigos.
Juliana não comia nada fazia muito tempo, dois dias, desde que o teste de
gravidez que fizera dera positivo. E eu era o pai.
E então, o último convidado, à
meia-noite e cinco minuto. Pedro, já bêbado, sai de sua limusine alugada, entra nos portões da minha casa, se dirige ao jardim, onde estamos todos nós. Começa a cantar alto:
Pedro faz as pessoas rirem com
suas piadas e tiradas, Pedro faz com que todos queiram cumprimentá-lo,
Pedro é o Pedro, o principal da festa.
Juliana, que se soltara de
minha mão fazia tempo, já - desde a chegada de Pedro -, chegava a bater
palminhas com as mãos quando Pedro se envolvia um pouco mais em suas
graças.
Uma hora, eu escutei ela
dizendo para as amigas:
"Ele é o pai de meu filho."
A casa era minha, a mulher era
minha, o filho era meu e a reunião era minha. A festa era minha. Podia ter
sido apenas uma brincadeira sem-graça de Juliana, provavelmente era, mas
pelo sim, pelo não, peguei na mão de Pedro e, conduzindo até o portão da
minha casa, fomos conversando amistosa e amigavelmente.
"Essa música é de Mahler."
"Achei que fosse Brahms",
retrucou Pedro.
"Ouça apenas o violino, e
saberá distinguir, Pedro."
Chegamos na frente do portão,
talvez ele não estivesse entendendo direito o que eu queria com ele, na
saída de casa.
Quando chegamos lá, dei um
soco em sua cara, Pedro caiu para o lado, e chutei seu corpo sem parar.
Ninguém vira a cena. Quando ele desmaiou, chamei meus seguranças e ordenei
para que o colocassem na sua limusine alugada, e que o despachassem para
sua casa.
Voltei ao jardim, no fundo de
minha casa. Juliana me pergunta:
"E o Pedro?"
"Quis ir embora. Estava muito
embriagado."
"Sim?"
"Sim. Eu sou o pai de seu
filho."
"O quê?"
"Escute os violinos, saberá
distinguir bem uma música da outra..."
|
|||||||
|
|
|
||||||||
|
confraria do vento |
|||||||||